INTRODUÇÃO
Pensar a ética aos moldes marxistas é refletir sobre a história do homem (o processo de humanização) e como nascem as relações sociais. O homem é um ser natural que se encontra na natureza assim como os demais animais, todavia ele possui um atributo que lhe dá o controle de suas ações, a razão. Através da razão e orientado pelas suas necessidades e potencialidades, o homem passa a se apropriar dos recursos disponíveis ao mesmo tempo em que transforma o mundo em sua volta. Logo ele supera a natureza objetiva e nesse processo transforma a si mesmo, passando então a ser outro, diferente do que era antes de interagir com a natureza.O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DO SER HUMANO
Intrinsecamente existe a dicotomia: natureza ↔ homem. Essa dicotomia é mediada pelo trabalho. O trabalho é a condição de existência do homem, torna humana a natureza. A partir do trabalho realizado na natureza (reprodução material e apropriação dos bens naturais) é que nasce o homem como sujeito. Essa produção se dá com outros indivíduos, propiciando o surgimento de relações sociais. Marx trata não da relação social natural – surgida por uma profunda necessidade de contacto entre os indivíduos de uma espécie –, mas aquela que ocorre no mundo capitalista, ou seja, aquela onde os bens de produção (coisas) são os mediadores das relações humanas. Logo, na sociedade capitalista, as coisas desempenham funções sociais determinantes, ou seja, é por intermédio das coisas que as relações entre indivíduos acontecem. Para transformar a natureza e obter relações com os outros, o homem se utiliza de ferramentas e fins específicos para produzir as coisas assim como se utiliza da linguagem (sociabilidade pelo entendimento). Assim é correto afirmar que a sociabilidade é posterior ao processo de produção material; é na troca de produtos que as relações se fundamentam.
AS COISAS COMO MEDIADORAS DAS RELAÇÕES HUMANAS
AS COISAS COMO MEDIADORAS DAS RELAÇÕES HUMANAS
Logo, as próprias coisas ganham contornos especiais por servirem de condição de troca; as relações entre as pessoas são sempre guiadas pela obtenção de algo material, sendo que esse produto possui um valor especifico que garante sua relevância. O valor é estabelecido pelo status que os produtos têm na sociedade. A alienação do homem surge nesse momento, quando aquele não vê mais o produto como algo que ele mesmo criou e sim pelo valor que o envolve. Os produtos são a base das relações socias e por isso são tão valorizados pela comunidade em geral; o valor que eles ganham (talvez pela estética de sua composição ou pseudo utilidade) são determinados pelo mercado do consumo e não propriamente pelo indivíduo que o produz. Aí o fetichismo vai se apossando da consciência frágil do sujeito sem concepção analítica; o prazer em ter um objeto supérfluo, descartável equivale ao prazer teleológico como se, ao obeter essas coisas (mercadorias), o sujeito conquistasse sua vontade suprema, sua felicidade.
A ELABORAÇÃO DE UMA NOVA ÉTICA E DE UM NOVO SISTEMA SOCIAL
A ELABORAÇÃO DE UMA NOVA ÉTICA E DE UM NOVO SISTEMA SOCIAL
Existe a possibilidade de contornar essa situação? Para Marx sim, ele pontua algumas necessidades práticas para tal mudança. Ei-las:
· o sujeito deve assumir a dianteira nas relações e não o capital (valorização do valor);
· acabar com o fetichismo (mercadoria assumindo o valor do trabalho);
· a ética não pode ser exploração, apropriação da força de trabalho alheia, com a aparência de tirar-lhe apenas um momento inexpressivo do dia, mas deve ser transparente;
· “tudo deve ser produzido e distribuído comunitariamente”;
todos devem participar na direção que a sociedade deve tomar, já que todos saberão - na sociedade comunista - como funciona o processo de produção capitalista (o responsável pelas diferenças sociais).
Em suma, embora o marxismo não seja uma doutina específica acerca da fundamentação moral, mostra outros horizontes para vislumbrar as relações humanas, voltadas para o acordo mútuo de companheirismo e solidariedade.
· o sujeito deve assumir a dianteira nas relações e não o capital (valorização do valor);
· acabar com o fetichismo (mercadoria assumindo o valor do trabalho);
· a ética não pode ser exploração, apropriação da força de trabalho alheia, com a aparência de tirar-lhe apenas um momento inexpressivo do dia, mas deve ser transparente;
· “tudo deve ser produzido e distribuído comunitariamente”;
todos devem participar na direção que a sociedade deve tomar, já que todos saberão - na sociedade comunista - como funciona o processo de produção capitalista (o responsável pelas diferenças sociais).
Em suma, embora o marxismo não seja uma doutina específica acerca da fundamentação moral, mostra outros horizontes para vislumbrar as relações humanas, voltadas para o acordo mútuo de companheirismo e solidariedade.
Os links que seguem não são do texto, mas servem para embasar comentários acerca da ética marxista:
http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/D_SLessa.pdfhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo_anal%C3%ADtico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo
http://www.humanitarismo21.com/livro/Livro-06-ModMarx-web.htm
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirparece que é dada a ética marxista uma tentativa de resgatar o laço essencial entre homem e natureza..laço esse que os homens deixaram a partir do capitalismo ser intermediado pelas coisas..
ResponderExcluirfernando araújo
Não extamente, Marx pretende resgatar a idéia de homem como dependete da natureza, mas capaz de surrá-la e moldá-la ao seu bel prazer. As coisas são também constituídas de elementos naturais, mas é o prazer ilusório que elas causam no orgulho do homem o responsável pela valoração cega. Prazer em se ter em excesso objetos inúteis, prazer em se ter objetos caros, prazer em comprar por comprar, eis alguns problemas oriundos dessa valorização das coisas criadas pelo própria capacidade natural de transformação. A natureza é escrava do homem e a técnica exacerbada conduz aos problemas expostos por Hans Jonas.
ResponderExcluir*** JÔZIANE ARAUJO
ResponderExcluirNos pensamentos de Marx que cogita sobre a historia do homem, por natureza um ser natural ao mesmo tempo um ser racional que o direciona as necessidades básicas, o homem utiliza o que esta em sua volta para seu bem e para o todo. No processo de humanização o trabalho é a condição da existência do homem na sociedade , que o homem se torna um sujeito. A produção são as relações sócias, nas quais são valorizadas. Para Max deve haver mudanças no sujeito, deve assumir as relações e não dar valorização de valor, acabar com a produção capitalista, mas só proporciona uma visão renovadora não sendo uma doutrina ética, mostra conceitos e princípios para ajudar o homem no qual vive e produz.
Marx emprega na sua ética conceitos de ideologia, práxis, natureza, trabalho, processo produtivo, aspecto social, propriedade...
ResponderExcluirConsidera que a ética, como qualquer outro componente da superestrutura, é condicionada e determinada pelo modo de produção dominante. Defende que "não é a consciência dos homens que determina a sua natureza, mas, pelo contrário, é a sua natureza social que determina a sua consciência.”
Cláudia Falcão
A ética marxisista, tem como condição as relações sociais e hisóricas onde o homem atrvés dessas relações consegue moldar a história e suas relações à sua maneira.
ResponderExcluirA concepção ética marxista sustenta uma importância do poder coletivo e da ação nas soluções dos processos que levarão a mudança do sistema capitalista, emfim essas formas de exploração podem ser superadas.
ResponderExcluirOLEGÁRIO BORGES
ResponderExcluirPara Marx, o homem define a sua humanidade em termos da sociedade com a qual se identifica através do trabalho. E a partir do trabalho que o homem nasce como sujeito.
O problema é que, na sociedade capitalista, os bens de produção são mediadores das relações humanas e passam a definir os homens, gerando a alienação. Na minha opinião, é difícil se libertar dessas amarras justamente porque o homem passa a não se reconhecer no seu trabalho.
É importante refletirmos sobre a ética no plano das relações sociais, portanto as ideias de Marx se mostram de grande relevância para discussões sobre a nossa contemporaneidade, visto que a reprodução de dominação de classes perdura e ainda se acentua progressivamente.
ResponderExcluirJoão Marcos
Marx apresenta uma nova elaboração de uma ética, visando muito um novo comportamento do homem perante a sociedade.O homem tornasse um ser social no qual o que determina é a sua consciência,enfim a ética não pode ser exploração, apropriação da força de trabalho alheia, com a aparência de tirar-lhe apenas um momento inexpressivo do dia, mas deve ser transparente;
ResponderExcluir“tudo deve ser produzido e distribuído comunitariamente”;
No seio do debate por novos postulados éticos profissionais, fundamentados numa perspectiva ontológica-social, o código de ética de 1986 traz apontamentos sobre as possibilidades de enfrentamento da questão ética no interior da tradição marxista. O código de ética em questão, de orientação marxista, entretanto, não supera um elemento presente no marxismo tradicional, como parte importante no seio da discussão ética profissional. Gostaria que alguém comentasse sobre a"Redução da ética aos interesses de classe" dentro dos pressupostos Marxistas. Obrigado.
ResponderExcluir